De dois em dois anos a história sempre se repete. Surgem, de
repente, cartazes, flyers, placas e cavaletes políticos, com a imagem de uma pessoa,
de um partido qualquer e de quatro números editados no Photoshop.
“Ele é a mudança”. “Eu defendo seus interesses”. “Eu sou o
melhor para São Paulo”. “Eu isso, eu aquilo, eu não sei o que...” Frases de
efeito desse tipo tentam mostrar a principal qualidade desses políticos.
Mas a verdade é que eles só têm essas qualidades em época de
eleições. Depois de outubro, os rostos somem. Os cartazes viram lixos. E as
promessas ficam perdidas no tempo e no espaço da realidade.
E a realidade é dura, meu amigo: a maioria desses políticos
só quer aparecer e ser famoso durante o período eleitoral. Passado o momento da
decisão democrática, optam pelo ostracismo e pelo trabalho oculto de seus
gabinetes.
Lá, fazem o que bem entendem, sendo vigiados apenas pela imprensa
e por militantes próximos. E às vezes esses dois coletivos também fazem olho
gordo esperando algo em troca.
Então, pergunto: quem tem interesse em ser conhecido nas
eleições e desconhecido no mandato? Por que a imprensa brasileira cobre
política somente em época de eleições? Por que conhecemos os rostos no período
eleitoral e desconhecemos os políticos envolvidos num esquema de corrupção? Quem
tem interesse que tudo isso aconteça?
Você, logicamente, não. Se você deixa dinheiro no banco, é
bom gestioná-lo, verdade? Então como não observar os políticos que votamos?
A Democracia é o poder do povo. Mas como os políticos e a
imprensa só tratam profundamente a política de dois em dois anos, que poder é
esse?
Como “vigiar” os candidatos que levaram nosso voto através
de uma imprensa que só fala de política quando o assunto é corrupção?
Na Europa os tele-diarios abrem falando da agenda dos
principais políticos do país. Aqui isso só acontece se esses políticos são
Dirceu, Genoíno ou qualquer outro poderoso envolvido em escândalos de
corrupção.
Como o povo vai conhecer seus representantes se nem eles nem
a imprensa se deixam conhecer?
Ficam lá em seus escritórios milionários achando que o povo
não tem conhecimento e educação suficiente para entender esse mundo da política.
Mas, oras, se eles aparecem somente quando interessa e só falam
de política quando faz bem a eles mesmos, como esperar que o povo adquira
sozinho conhecimento e interesse político? É como exigir que uma criança de 5
anos saiba pescar sem mostrar para ela o que é a vara ou para que serve o
anzol.
Seguindo o exemplo, quando a criança demonstra não saber,
eles se escondem e aproveitam a situação, aparecendo, mais tarde, pra dizer que
é um ótimo pescador. Me poupem!! Que falta de vontade!!
Política é muito mais que corrupção e eleições. Democracia é
muito mais que direitos e deveres. Decisões democráticas vão muito além do
período eleitoral. E mandatos vão muito além do que aparece no jornal.
De dois em dois anos a história sempre se repete. Mas, como
a história se constrói hoje, é hora de acompanhar o que nossos políticos estão
fazendo. É hora de dar mais audiência ao jornal (cujos assuntos nos afetam
diariamente) do que ao Big Brother (que não passa de entretenimento barato).
Sua vida depende disso. A minha também. E a do Joãozinho,
também! Afinal, a vida do Joãozinho e a dos nossos filhos estará condicionada ao
que fazemos hoje e ao que fizemos ontem.
Acabando as eleições, o político que levou nosso voto deve
ser cobrado e vigiado de perto. Afinal, eles não são superiores ao povo (por
mais que eles achem que sim). E, além disso, eles não passam de servidores
públicos. Nós somos o patrão, não eles!!!
Podemos participar da política ou ignorá-la diretamente. A
escolha é toda nossa. E as consequências, também.